sábado, 1 de março de 2008

OS DESLIMITES DA PALAVRA

3.3
Este ermo não tem nem cachorro de noite.
É tudo tão repleto de nadeiras.
Só escuto as paisagens há mil anos.
Chegam aromas de amanhã em mim.
Só penso em coisas com efeitos de antes.
Nas minhas memórias enterradas
Vão achar muitas conchas ressoando...
Seria o areal de um mar extinto
Este lugar onde se encostam cágados?
Deste lado de mim parou o limo
E de outro lado uma andorinha benta.
Eu sou beato nesse passarinho.
[manoel de barros]


quero aromas de amanhã com efeitos de agora.