domingo, 6 de julho de 2008

APONTADOR

Nunca acertava o momento de largar o apontador. Apontava duas voltas e parava, via que a ponta do lápis estava boa, mas ainda não era ideal e continuava. Mais duas voltas, as tiras da madeira se amontoando na classe e pensava que poderia avançar mais um pouquinho. No meio da última volta, quando suspirava de satisfação, o grafite quebrava. Não absorvia a lição, e recomeçava. O capricho me impelia: arredondar a cabeça, afiar a pequena lança de meus deveres escolares. Não encontrava a hora de cessar, confiava que acertaria na próxima tentativa e fracassava. A ponta perfeita terminava presa no apontador de metal. O lápis ia diminuindo. E recomeçava até admitir que minha letra não deslizaria como desejava, ficaria borrada e que somente o uso abrandaria as lascas. [carpinejar]
jogar fora o apontador de metal e parar de apontar o que quem quer que seja antes que só fique a madeira e depois menos que a madeira