sábado, 29 de setembro de 2007

Seção Trash

Eu sabia claramente o que ela queria. Então decidi realizar seu desejo. Abri suas pernas e, no meio delas, estava uma rosa prestes a desabrochar. Dei um banho de língua gostoso e fui invadindo aquele templo sagrado, rompendo seus portões. Aline chorava, mas eu sabia que era de felicidade. Ela implorava para que não parasse. De repente, num movimento mais brusco, meu membro alcançou o fundo da sua alma. Misturado a espuma, suor e tesão, vi um filete de sangue escorrer por suas pernas. Aline se transformava em mulher. Fiz com que ela gozasse sem parar e sentisse o quanto é bom um orgasmo brotado na penetração. Ao vê-la gemendo, sussurrando, soltei meu líquido denso em sua vagina. Aline pode sentir o calor da minha porra invadindo seu interior. Não suportando tanto prazer, ela desmaiou num sono profundo. Tirei meu peso de cima dela e me acomodei ao seu lado. Só fui me dar conta de tudo no dia seguinte.
_______ninfeta de 16 anos inaugurando sua bocetinha, por juan
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esse texto foi encontrado num site de contos eróticos por mais incrível que pareça

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A máquina de Morel*

*contém spoiler!. se não leu o livro, não leia o texto depois do trecho. já aviso.

Aparecem de vez em quando. Ontem, vi Haynes na beira da colina; dois dias atrás, Stoever, Irene; hoje, Dora e as outras mulheres. Impacientaram-me a vida; se quiser organizá-la, terei que afastar essas imagens de minha atenção. Destruí-las, destruir os aparelhos que as projetam (sem dúvida estão no porão) ou quebrar o tambor são minhas tentações favoritas; contenho-me, não quero me ocupar desses companheiros de ilha, pois me parece que não lhes falta matéria para se converterem em obsessões.
____a invenção de morel, adolfo bioy casares
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Reprodução invertida de um ser ou de um objeto, transmitida por uma superfície refletora. Reprodução estática ou dinâmica de seres, objetos, cenas, et cetera, obtida por meios técnicos. Réplica. Reflexo. Representação. Imagem. A máquina de Morel, composta de receptores, gravadores e projetores, gravou sete dias da vida de Faustine, Jane, Irene, Alec, Dora, Haynes, Stoever e do próprio Morel. Os dias gravados são reproduzidos quase todo dia pela máquina em uma ilha deserta do Pacífico. O narrador, a princípio, não percebe que os visitantes da ilha são imagens, imagens de pessoas, e não pessoas de carne e osso. Assim que ele descobre, a repetição de várias cenas ganha significado. Essas imagens sentem? Essas imagens existem? As pessoas que foram gravadas estão vivas ou já morreram?, são algumas das perguntas que perseguem e atormentam o narrador do livro "A invenção de Morel", do escritor argentino Adolfo Bioy Casares.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Notas Semanais


O Cruzeiro anunciou que um dos nossos mais hábeis confeiteiros medita coligir todas as suas (receitas), em volume de mais de trezentas páginas, que dará à luz, oferecendo-os às senhoras brasileiras. É fora de dúvida que a literatura confeitológica sentia necessidade de mais um livro em que fossem compediadas as novíssimas fórmulas inventadas pelo engenho humano para o fim de adoçar as amarguras deste vale de lágrimas. Tem barreiras a filosofia; a ciência política acha um limite na testa do capanga. Não está no mesmo caso a arte do arroz-doce, e acresce-lhe a vantagem de dispensar demonstrações e definições. Não se demonstra uma cocada, come-se. Comê-la é defini-la. No meio dos graves problemas sociais cuja solução buscam os espíritos investigadores do nosso século, a publicação de um manual de confeitaria só pode parecer vulgar a espíritos vulgares; na realidade, é um fenômeno eminentemente significativo. Digamos todo o nosso pensamento: é uma restauração, é a restauração do nosso princípio social. O princípio social do Rio de Janeiro, como se sabe, é o doce de coco e a compota de marmelos. (...)
_______notas semanais, machado de assis
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quando o cinismo e a ironia escorrem de um texto

sábado, 22 de setembro de 2007

ALTERNATIVA


Não será melhor
Não fazer nada?
Deixar tudo ir de escantilhão pela vida abaixo
Para um naufrágio sem água?
Não será melhor
Colher coisa nenhuma
Nas roseiras sonhadas,
E jazer quieto, a pensar no exílio dos outros,
Nas primaveras por haver?
Não será melhor
Renunciar, como um rebentar de bexigas populares
Na atmosfera das feiras,
A tudo,
Sim, a tudo,
Absolutamente a tudo?

____álvaro de campos

quando eu parei de esperar por flores eu já não imagino primaveras

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Lavoura Arcaica

: o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição? que instante, que instante terrível é esse que marca o salto? que massa de vento, que fundo de espaço concorrem para levar ao limite? o limite em que as coisas já desprovidas de vibração deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia para ser vida nos subterrâneos da memória;
____ lavoura arcaica, raduan nassar

quando eu penso que não vou conseguir deixar de pensar em alguém quando eu percebo eu já não penso. o tempo brinca comigo, com a minha memória, o tempo. com a minha presença, por outro lado, o tempo não brinca, eu sempre fico, até que

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Esperando Godot

Vladimir: [...] Aqui está você, de volta, e eu estou bem contente.
Estragon: Estavam em dez.
Vlamidir: Você também, deve estar contente lá no fundo, confesse.
Estragon: Contente por quê?
Vladimir: De me reencontrar.
Estragon: Você acha?
Vladimir: Diga, mesmo que não seja verdade.

Estragon: O que quer que eu diga?
Vladimir: Diga: estou contente.
Estragon: Estou contente.
Vladimir: Eu também.
Estragon: Eu também.

[...] waiting for godot, beckett

eu dou risada com alguns trechos de esperando godot, do beckett. de fim de jogo (ou fim de partida) também. eu gosto demais do humor do beckett. dos textos dele.

sábado, 15 de setembro de 2007

CLARIDADE


Sim, é claro,
O universo é negro, sobretudo de noite.
Mas eu sou como toda a gente,
Não tenha eu dores de dentes nem calos e as outras dores passam.
Com as outras dores fazem-se versos.
Com as que doem, grita-se.

A constituição íntima da poesia
Ajuda muito...
(Como analgésico serve para as dores da alma, que são fracas...)
Deixem-me dormir.
______ álvaro de campos

já passou.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PONTO FINAL

______
partir,
sim, mas partir realmente,
definitivamente,
cobra que deixa a pele já crestada de sóis
e se empoleira nas árvores como um pássaro.
partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir
partir,
que os hotéis de luxo têm seus quartos guardados para mim,
e os salões embandeirados de luz
esperam-me
partir para Jungfraus e Niagaras,
e à noite embriagar-me entre cristais e mulheres!
depois,
raspar as unhas no chão e enterrar-me
deixando os olhos de fora
para que neles pouse
o último orvalho da manhã.

______álcool, cochofel

é sempre muito bom sentir que eu parti

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Fim de Jogo

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Hamm: Você não acha que isso durou o bastante?
Clov: Acho! (Pausa) O quê?
Hamm: Esse... essa... isso.
Clov: Sempre achei. (Pausa) Você não?
Hamm: (abatido) Então é um dia como os outros.
Clov: Enquanto durar. (Pausa). A vida toda as mesmas tolices.
Pausa.
Hamm: Eu não posso deixar você.
Clov: Eu sei. E nem pode me seguir.
Pausa.
Hamm: Se você me deixar, como vou ficar sabendo?
Clov: (vivamente) É só você apitar. Se eu não vier, é porque fui embora.

[...] fin de partie, beckett