quarta-feira, 25 de novembro de 2009

abstinência

quase uma semana sem cigarro. a tensão muscular não é pouca. a dor de cabeça, assim, é tensional. não sinto tanta falta de fumar. nunca gostei do cheiro do cigarro. já não aguentava o gosto do cigarro. na verdade, sinto falta é do cigarro, da companhia do cigarro, da relação que construi com o cigarro, a ponto de me entristecer a ideia de que não vou mais segurar um cigarro na mão entre os dedos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

a revolução antiescatológica

[do livro o mal-estar da pós-modernidade]

Significativamente, a modernidade não produziu outro símbolo para tomar o lugar da sinistra figura da morte; [...] a própria morte perdeu sua unidade do passado - acha-se, agora, dissolvida em minúsculas, mas inumeráveis, armadilhas e emboscadas da vida diária. Tende-se a ouvi-la batendo, agora, de quando em quando, diariamente, em comida rápida e gordurosa, em ovos contaminados de listeria, em tentações ricas em colesterol, em sexo sem preservativo, em fumaça de cigarro, em ácaros de tapete que causam asma, "na sujeira que se vê e nos germes que não se vêem", na gasolina carregada de chumbo e nos gases desprendidos do chumbo, e assim imundos, na água da bica tratada com fluoreto e na água não tratada com fluoreto, no exercício de mais e de menos, em comer em demasia e fazer regime em demasia, em ozônio demais e no buraco da camada de ozônio. [...] [Bauman]

é, a morte não é mais "um esqueleto de veste preta brandindo a foice, que bate à porta apenas uma vez e cuja entrada não pode ser impedida". quando criança, eu tinha esse medo da morte, por pensar a vida em função da morte, depois da morte. um medo aumentado (instigado?) pelas idas à igreja. essa obsessão com a morte nunca foi só minha. pelos poemas barrocos que já li, imagino o dia-a-dia de quem viveu no século XVII, porque, com essa cultura do pecado, da salvação após a morte, a vida devia ser angustiante, afinal, na mentalidade da época, decidia a ida das pessoas ao céu ou ao inferno depois da morte. o que a modernidade fez foi por um fim nessa obsessão com a vida após a morte, fazendo com que as pessoas focassem o "aqui" e o "agora", ou seja, as "preocupações terrenas", de um jeito que a figura medonha da morte perdeu o lugar. a morte já não é essa "espécie de acontecimento extraordinário", que dá um sentido aos "acontecimentos ordinários" de toda uma vida, mas uma "ocorrência diária, bastante familiar e comum para despertar horror ou quaisquer outras emoções fortes". e as nossas incertezas, assim, não se relacionam mais com o que vem depois da morte, mas com o que acontece (e ainda vai acontecer!) na vida.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

comidinha

meu almoço de hoje. saladinha de tomate, pepino japonês, cebola e salsinha, picados no menor tamanho possível, com azeite, limão, sal e uma pitada de noz moscada. na receita original, tinha hortelã. em seguida, mandioquinha. cozinhei uma bem grande por 5 minutos no fogo, antes de levar ao forno com creme de leite, um tomate, uns 200g de queijo estepe e parmesão e noz moscada. essa receita foi adaptada do blog la cucinetta, aqui. quase uma overdose de tomate e noz moscada, mas eu gosto. tudo simples, mas incrivelmente bom.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

férias


às vezes, não aguento as minhas férias. é como se eu precisasse estar ocupada sempre com o que quer que fosse ou me torno alguém imprestável, inútil, sem qualquer função.
depois a ocupação vem. e eu quero férias. ou seja, é difícil conseguir satisfação nesse mundinho. mas não mais do que se deixar estar. e fazer o que se quer das férias, até nada.