sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

estratégia


eu nunca fiz tudo o que eu podia fazer agora eu pratico o que eu quero e o que eu preciso fazer até inventar a coragem

o verbo, começar.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

FREE JAZZ

envelopes, a banda. mais aqui. eu gostei do som, é pouco previsível.

O CROCODILO

Antes eu havia passado por aquelas cidades dando concertos de piano; as horas de felicidade foram escassas, pois eu vivia na angústia de reunir pessoas que quisessem aprovar a realidade de um concerto; tinha de coordená-las, influenciá-las e tratar de encontrar algum homem que fosse ativo. Quase sempre isso era lutar com bêbados lentos e distraídos: quando conseguia trazer um, o outro me escapava. Além disso, eu tinha de estudar e escrever artigos nos jornais. Fazia algum tempo que eu já não tinha essa preocupação: consegui entrar numa firma de meia para mulheres. Havia pensado que as meias eram mais necessárias que os concertos, e que seria mais fácil colocá-las. Um amigo meu disse ao gerente que eu tinha muitas relações femininas, porque era concertista e percorrera muitas cidades: logo, poderia aproveitar a influência dos concertos para vender meias. O gerente torceu o nariz; mas aceitou, não só pela influência do meu amigo, mas também porque eu havia tirado o segundo prêmio no texto de propaganda para essas meias. Sua marca era Ilusão. E minha frase tinha sido: "Quem não acaricia, hoje, uma meia Ilusão?".
Felisberto Hernández

O crocodilo é um conto engraçadíssimo do livro "O cavalo perdido e outras histórias", do uruguaio Felisberto Hernandez. O concertista se torna vendedor de meias Ilusão por não conseguir mais patrocínio dos amigos para os concertos e se descobre um péssimo vendedor. Aí, ele chora. O choro vira uma estratégia, a sua estratégia. Com muitas lágrimas, ele aumenta a venda das meias Ilusão e voltar a tocar piano. Esse conto me fez rir do começo ao fim depois de um dia estressante e esse livro é incrível, os nove contos são fantásticos, pelas histórias, pela linguagem. Não sou alguém que já leu muita literatura latino-americana mas eu já li e também de outros lugares e a linguagem do Felisberto Hernández não lembra a de qualquer outro escritor que eu tenha lido. É sempre ótimo encontrar um escritor assim, um livro assim, então leiam esse livro algum dia. Eu recomendo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

férias

e o sono é muito e eu não durmo ainda assim com preguiça do que eu posso pensar
e antes que eu comece a acusar alguém ou a mim mesma eu prefiro ir ali e dormir

chega, paula.

SEÇÃO TRASH

p: olha isso
p: "Jamais feche as portas do lúdico labirinto que habita dentro de ti. Escute o que as vozes silenciosas em seu crânio têm a dizer. Nao as renegue, tampouco as desaponte. Elas, certamente, sao as suas melhores amigas. Porque elas e somente elas irao conduzi-las às sendas de uma nova paixao."
p: eu me divirto
c: vc tem um labirinto lúdico dentro de si?
c: será que todo mundo tem um?
p: nao sei, boa pergunta
p: "Fico feliz com a sua sensível participação, e que este limbo virtual sirva para jorrar toda a sua bílis, acumulada na dor de um amor rompido. Vomite tudo, até as tripas. Recomendo ainda, escatologicamente, cheirar o seu próprio vômito, banhar-se nele (e não estou falando metaforicamente, que fique claro), para auxiliar no processo de autocomiseração."
p: putz, que porqueira, viu?
c: ou, faz um favor pra mim
c: se vc for jorrar sua bilis, vira pra outro lado
c: esse trem ta fora de contexto pra mim
c: é uma ironia?

não, não é uma ironia. mais aqui. para a sua cultura trash.
antes que eu esqueça, o que é um labirinto lúdico mesmo?

sábado, 24 de janeiro de 2009

SEÇÃO TRASH

Oi, Ricardo. Não sei como ainda me levanto todos os dias para realizar as maçantes tarefas do dia-a-dia, desde que fui abandonada pelo meu amor. Realmente, não sei. Talvez seja apenas falta de coragem em dar cabo em minha própria vida. Também não quero deixar a impressão de que estou lá no fundo do poço, mesmo já estando, as paredes escorregadias, cheias de limo, toda vez que tento me soerguer. Estou cansada, o cotidiano pesa, e agora escrevo neste blog, confesso, por puro desespero. Vc tb deve ter sido um desesperado de amor para criar uma página compassiva como esta. De qqer modo, a dor une as pessoas - ou, pelos menos, deveria unir. [...]
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Querida Fernanda, Se palavras aliviassem a dor da alma, era só ouvir as pregações de qualquer bispo salafrário, sabedorias de algum monge doido de tanto mantra rodopiando em seu cocoruto, eremitas desmiolados, e pimba: a dor sumiria. Mas não é assim, sabemos disso. Estou, por isso, até pensando em mudar o nome do blog para o clichê mais óbvio, porém potencialmente verdadeiro: o tempo é o melhor e único medicamento às dores do amor. [...]
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mais aqui. em dias ruins, clique aqui. a risada? é garantida. ah, é. eu precisava compartilhar. eu não estou sendo maldosa, minha gente. apenas achei uma versão trash do blog consultório poético.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

DESENHOS

III.

Qualquer barco é maior que a casa dos pescadores.
Os meninos balançam os pés na água.
Grande é o céu, grande é o mar.
Não se precisa de casa nenhuma neste mundo:
entre o céu e o mar se pode nascer, viver, morrer.
E o homem é um pequeno instante.

Cecília Meireles.

eu não posso dizer que leio muito Cecília Meireles eu não leio e eu não gosto de muitos poemas dela mas eu tenho livros dela e toda vez que eu pego esses livros eu encontro um poema ótimo] talvez seja o tipo de poeta que se aprende a gostar, com paciência, com o tempo, eu gosto disso.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

eu nunca falei de perfeição

às vezes eu não sei o que eu quero o que eu preciso outras vezes eu tenho certeza que eu sei o que eu quero e o que eu preciso mas quanto mais eu sei o que eu quero e o que eu preciso mais eu tenho que parar de fingir que eu não sinto a insatisfação que eu sinto com parte das minhas relações por mais que eu goste das pessoas e que as pessoas gostem de mim e não é sobre afeto ou a falta de afeto é sobre sentir que eu não posso falar sobre qualquer coisa que eu queira falar é sobre não ter a atenção que eu quero ter e assustada demais com a possibilidade de não conseguir o que eu quero o que eu preciso eu continuo aqui eu fico aqui até quando eu não quero continuar até quando eu não quero ficar por não saber o que fazer do que eu sinto ou por onde começar e por covardia e por comodismo

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

agora

do lugar onde eu estou, eu não quero ir embora. eu estou onde eu queria, talvez desde sempre.
e se eu penso em voltar eu lembro do que eu preciso fazer por mim e de que sou eu quem fica.

é o que mais importa.

COME TO ME

bjork, e o seu otimismo. eu acredito. come to me, you know

that i adore you.

sábado, 17 de janeiro de 2009

com urgência

just let go, as quickly as you can. mais aqui.

sábado, 10 de janeiro de 2009

respostas

às vezes quando eu vejo eu já estou em pânico mas eu não sei do quê e depois de um dia de batata com queijos de chocolates de sorvete de doce de leite com bolachas e mais chocolate tudo o que eu posso fazer tudo que eu repito que eu devo fazer é lavar a louça afinal se há respostas quaisquer umas são poucas e eu não vou saber e depois pode ser que seja uma overdose de açúcar no corpo

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

anúncio

eu preciso de acréscimos

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

férias

não há nada mais irritante que alguém que não entende que eu viajei faz menos de um mês e que eu poderia ficar os próximos dois meses em casa porque eu gosto de estar em casa e eu não vou estar nunca em qualquer lugar eu vou estar onde eu quero e eu sinto pouca necessidade de festas de bebidas de cigarros de shoppings eu só quero aproveitar esse tempo livre quase hibernar de tanto dormir e dormir até tarde e ficar com o meu cachorro a hora que eu quiser e ver os filmes e escutar as músicas que eu gosto e ler os livros que eu quero e continua sem roteiro e sem consciência pesada

antes

ir embora mas ir embora com preguiça de voltar atrás e com outros desejos e com outros futuros e com a certeza de que o que ficou ali atrás é pouco perto do que ainda vai ficar e pouco não é o suficiente

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

durante

sentir aqui tem sido tão pouco automático que eu fico com os músculos tensos de tanto querer compreender o que eu sinto por pensar demais sobre o que eu sinto mas vai ter sempre uma tarde com um sentimento que eu não preencho de tão vazio e aí eu sinto que esse vazio é o que eu não vou descobrir eu não vou perceber enquanto eu me deixar acompanhar de pequenas ilusões de pequenas expectativas e de memórias como alguém que se apegou ao que não existe mais por ser fácil e por medo de saber o que vai ficar depois do desprendimento e um pouco antes do encontro

sábado, 3 de janeiro de 2009

chuva

com essa tensão muscular e com essa chuva que não pára eu só quero dormir e pensar pouco quase nada em perdas em ganhos até conseguir existir com menos comparações e com menos dúvidas

AND I WAIT FOR YOU

para treinar mais um verbo, esperar (por alguém). outros verbos aqui.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

POESIA

despoetização. ato ou efeito de despoetizar(-se); ausência de poesia, de encanto poético; despoetizamento, prosaísmo.
eu não sei mais de poesia no meu dia-a-dia. ou a poesia já é outra.
o que me encanta é o otimismo que eu consegui muito mais que qualquer texto que eu tenha escrito e que eu venha a escrever quer dizer eu preciso desse otimismo mais do que dos textos.
que é fácil encontrar beleza em textos em literatura e poetizar as ausências e as angústias mas um exercício confiar que há beleza no dia-a-dia e nas pessoas e se encantar com o que é prosaico.