Depois das treze poderei sofrer:
antes, não.
Tenho os papéis, tenho os telefonemas,
tenho as obrigações, à hora certa.
Depois irei almoçar vagamente
para sobreviver,
para agüentar o sofrimento.
Então, depois das treze, todos os deveres cumpridos,
disporei o material da dor
com a ordem necessária
para prestar atenção a cada elemento.
acomodarei no coração meus antigos punhais,
distribuirei minhas cotas de lágrimas.
Terminado esse compromisso,
voltarei ao trabalho habitual.
[Cecília Meireles]
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eu aprendi tarde que sentir dor em qualquer hora sem qualquer compromisso de esgotar essa dor e de distribuir todas as cotas de lágrimas é querer continuar com os punhais e com as lágrimas