segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O FUTURO É AGORA

O ácido sulfúrico vai eporar em temperatura ambiente daqui a 500 anos. Mas meu sangue já chegou à seringa. E antes que o desaparecimento das estrelas consuma a última utopia, dentro do meu peito, o coração pulsa. Quase não o ouço. Concentro-me para que ele não pare de bater. Qualquer distração pode ser fatal. Há tempos, mandei-me uma mensagem ao futuro. Hoje, escrevo mensagens eletrônicas em prosa límpida e vou lançando, uma a uma, para mim mesmo, como quem lança perto da janela do prédio as folhas de um velho caderno. O retorno é provável, mas não é garantido. Muita coisa desaparece no sopro da memória, na caligrafia ilegível, entre os impulsos elétricos e nervosos que me mantêm. [marcos siscar]


eu gosto de pensar a memória como o verso em branco de uma folha amarelada de tão antiga com o reverso rasgado de palavras quase nanquim que eu tenho a possibilidade de escrever sobre e de reinventar apesar de manchas de riscos de tinta de rasgos no papel